O bullying no trabalho é mais comum do que se imagina nos ambientes profissionais. É uma das principais causas de problemas psicológicos e desmotivação no trabalho.
Para ser mais específico, o bullying nas empresas já atinge quase 50% dos jovens nos ambientes de trabalho.
Nesse post, vamos falar sobre quais providências a vítima pode tomar e o que as empresas devem fazer para evitar o bullying no trabalho. Continue lendo!
Quando ouvimos a palavra ‘bullying’ costumamos associá-la a escolas, jovens e crianças, mas na verdade, esse comportamento também tem se mostrado presente nos ambientes de trabalho.
O termo bullying vem da palavra em inglês bully e significa um comportamento contínuo e violento em relação a outra pessoa com a intenção de intimidar ou oprimir.
O que diferencia o bullying no ambiente de trabalho das outras formas de assédio profissional, é a repetição, pois ele é uma agressão feita continuamente.
Nas empresas, ele costuma ocorrer através de ações discriminatórias ou vexatórias constantes.
As práticas mais comuns de bullying na empresas são:
O bullying profissional também pode ocorrer de forma vertical dentro da hierarquia de uma empresa, quando o chefe persegue algum de seus subalternos.
Entretanto, também acontece de forma horizontal, quando o comportamento é realizado entre os empregados.
A vítima dos ataques costuma apresentar sintomas psicológicos como angústia e queda de autoestima.
Consequentemente, dependendo do caso, a pessoa pode apresentar ansiedade, depressão, entre outros sintomas.
Dessa forma, devido a continuidade dos ataques, o trabalhador fica cada vez mais fragilizado para reagir aos ataques e para conseguir exercer uma rotina produtiva no trabalho.
De acordo com a cartilha ‘Assédio Moral e Sexual‘ do Conselho Nacional do Ministério Público:
“O assédio moral caracteriza-se pela exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, de forma repetitiva e prolongada no tempo, no exercício de suas funções“.
Essas situações podem ser atos, palavras ou gestos que prejudiquem a integridade física e, principalmente, psicológica da pessoa alvo do assédio.
Quem assedia por tanto ter um propósito como forçar o colega a se demitir quanto querer ridicularizá-lo perante os chefes e outros colegas de trabalho.
Assista ao vídeo abaixo e entenda mais sobre o que configura assédio no ambiente de trabalho:
Gestores costumam perceber que o bullying no trabalho ocorre com quem apresenta um desempenho superior ao dos colegas.
Muitas vezes, quem pratica as agressões morais costuma ter autoestima baixa ou frustrações não resolvidas e, por isso, tende a se sentir mais ameaçado.
Foi o que aconteceu com Letícia* V., uma jovem recém formada que assumiu o cargo de revisora do blog de uma pequena empresa de São Paulo.
Por ter idade semelhante das estagiárias, elas assumiram que Letícia era estagiária também e a tratavam como igual.
Porém, descobriram que ela era efetivada quando foi convidada para escrever para o blog da empresa. Isso foi um divisor de águas em sua relação com determinada estagiária.
Por já ser formada, a jovem apresentava um rendimento superior e isso passou a incomodar muito essa estagiária.
“Qualquer coisa que eu falava, ela fazia críticas ou correções desnecessárias e sem sentido. Na hora do almoço, eu não era convidada. Certa vez, essa mesma menina acreditou que eu havia cometido um erro e foi me reportar para o chefe. Ela estava tão exaltada que o próprio gestor lhe pediu calma”.
Letícia, como a maioria dos casos, pediu demissão. A empresa teve que realocar três estagiárias para cumprir as funções dela.
A empresa, perdeu tempo, dinheiro e uma colaboradora talentosa. Os gestores devem se manter atentos para situações como essa, pois o rendimento total da organização pode ser abalado.
A CareerBuilder é uma empresa americana que lida com vagas de emprego.
Essa organização encomendou uma pesquisa sobre bullying no ambiente de trabalho e como resultado foi constatado que os principais alvos são pessoas com deficiência física, mulheres ou pessoas LGBTs.
Por isso, é importante que a empresa esteja alerta para as pessoas vulneráveis e monitore de perto sua satisfação com o trabalho.
Quando as “brincadeiras” vêm de pessoas de cargos superiores, a situação fica ainda mais delicada e o RH precisará de pulso firme para lidar com a situação.
Outro report comum de bullying no trabalho é o de gestores que gritam com os colaboradores na frente de toda equipe.
É claro que se o mesmo acontecesse de forma privada estaria igualmente errado.
Porém, em um ambiente aberto a exposição é ainda pior, pois constrange a pessoa, colocando-a em um situação vexatória e de alto estresse.
A psicóloga Gisele Meter (citada acima) afirma ainda na entrevista que o “ciclo do bullying se inicia com a raiva, passando para o sentimento de humilhação, vergonha, impotência, baixa autoestima e tristeza”.
Já no segundo estágio, o que se percebe é o impacto na produtividade do indivíduo.
A partir do penúltimo estágio pode envolver estresse, afastamento do emprego e, em último grau, depressão ou até mesmo fobia social.
Meter afirma também que os sentimentos da vítima ultrapassam as barreiras da individualidade e afetam todo o ambiente corporativo e os funcionários ao redor.
A presença de um agressor e a liberdade dada à ele, que permite a realização assédios, também são um comportamento que gera estresse para os demais, criando um clima organizacional negativo.
Isso faz com que os funcionários passam a ter medo das repreensões e desdobramentos do bullying no trabalho.
A empresa pode arcar com consequências como:
Todas essas consequências poderiam ser evitadas com adoção de uma política preventiva.
Nessas situações, a presença de um gestor competente é fundamental. Ele deve ter calma, bom senso e tato para poder tomar decisões a fim de melhorar o ambiente e impedir que agressões ocorram.
Saiba mais sobre como ser um bom líder de equipe e manter um bom ambiente para seus funcionários.
Um bom profissional, que deve ser valorizado pela empresa, não é somente aquele que possui conhecimento e entrega suas atividade de forma efetiva, é preciso ter maturidade emocional, principalmente em cargos de chefia.
Uma equipe com maior estabilidade emotiva, tende a ter funcionários mais eficientes, produtivos e que tendem a trabalhar melhor em grupo.
Se você tem sido alvo desse tipo de agressão ou sabe se alguém que esteja nessa situação saiba que você não está sozinho.
Segundo uma pesquisa realizada pela BBC, metade dos trabalhadores passou ou está passando por agressões morais no trabalho.
A pesquisa foi realizada com 4.975 profissionais de todas as regiões do Brasil, entre eles 52% sofre ou já sofreu bullying no trabalho e 34% não sofreu mas já presenciou situações assim.
A psicóloga Gisele Meter que também já realizou pesquisas sobre o bullying profissional, em entrevista para um site de empreendedorismo, afirmou que chegou a entrevistar 306 pessoas.
Esses entrevistados ocupavam diversos cargos em diferentes empresas e tinham idades entre 18 e 61 anos.
Segundo Meter, os comportamentos exibidos pelas mulheres eram mais velados, aconteciam em forma de fofoca e exclusão. Já entre os homens, as agressões eram mais explícitas através de xingamentos e apelidos pejorativos.
As humilhações constantes acabam fazendo com que grande parte das vítimas peça demissão de seus trabalhos. Para a empresa pode significar uma perda de profissionais muito competentes.
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A Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine é uma publicação acadêmica mensal da Associação de Médicos do Estados Unidos.
Segundo estudo divulgado pela revista, entre os adultos que praticam agressões, 40% têm histórico de violência física ou sexual durante a infância.
A criança que pratica bullying durante a época escola muitas vezes está propagando um ambiente que vive dentro de sua casa. Ela presencia um universo de agressões e exterioriza isso para o mundo escolar.
Infelizmente, em muitos casos a conduta agressora é uma característica que tende a se perpetuar.
Se quando criança o autor do bullying não receber cuidados ou tratamentos, existem grandes chances de ele repercutir esse comportamento agressivo quando adulto.
Antes de tudo, não demore para tomar uma atitude, é preciso refletir e agir sobre as atitudes que nos agridem e incomodam.
Quanto mais o tempo passar, mais os sintomas psicológicos podem se desenvolver dentro da vítima de bullying no trabalho.
Cada contexto e cada situação são específicas, mas se perceber que há possibilidade, dialogue com o autor das ofensas ou com o departamento de Recursos Humanos da empresa.
Caso isso não funcione, a advogada Rebecca Sorano adverte que o trabalhador deve procurar o sindicato de sua categoria e relatar o que aconteceu.
Também é necessário reportar à Justiça do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho para pedir a abertura de um processo que pode resultar em uma indenização para a vítima.
O agressor pode ter que pagar indenização ou ainda sofrer outras formas de punições, dependendo da decisão do juiz. Para auxiliar o andamento do processo a vítima deve tentar:
Em casos em que o trabalhador decide pedir demissão, a advogada afirma que o assédio moral praticado pelo chefe ou por colegas autoriza que a vítima peça a rescisão do emprego.
Dessa forma, o profissional recebe os direitos trabalhistas que lhe são concedidos por lei.
É sempre melhor prevenir do que remediar. É importante que a empresa se posicione em relação ao bullying no trabalho antes que ele ocorra e crie um ambiente com segurança psicológica.
Quer se aprofundar no tema e está sem tempo para ler? Ouça o episódio abaixo e aprenda como lidar com o bullying no mercado de trabalho: https://api.soundcloud.com/tracks/163023533
O assédio moral no trabalho não é crime ainda, mas pode configurar como tal com a criação da PL 4742/2001. Confira no vídeo como está esse processo:
Se estiver passando por uma situação de bullying no trabalho, busque apoio e reporte para a empresa.
*Os nomes verdadeiros foram alterados conforme a vontade da fonte de preservar seu anonimato.
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